Categorias: Economia

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Genebra Seguros

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Para aqueles que não tiveram a oportunidade de presenciar o colapso de 1929, ou a crise financeira do sub-prime nos Estados Unidos em 2008, fique tranquilo, você vai poder contar para os seus netos a experiência de ter assistido a um evento que não acontece todo dia: o colapso da economia mundial provocado não por uma falha do mercado, mas por um vírus. Ao contrário das crises econômicas anteriores, esta não foi provocada por um excesso de liquidez ou uma anormalidade na demanda ou na oferta. Logo, a carta de conjuntura deste mês vai reunir pontos importantes para, novamente, tentar entender os impactos da crise do novo coronavírus no Brasil.

Dada a excepcionalidade da atual crise, tentar construir um cenário do que vai acontecer fica praticamente impossível na medida em que não temos um exemplo anterior para comparar (durante a gripe espanhola de 1918 a economia atravessava o drama da Primeira Guerra Mundial). Nestas situações extraordinárias, o chefe do executivo deve assumir a liderança do país passando confiança e serenidade para a sociedade através de medidas que amenizem os impactos do colapso que temos pela frente. Infelizmente, não é o caso do Brasil. Ao contrário de diferentes dirigentes de economias importantes, e mesmo diante de dados alarmantes sobre o número de mortes, superlotação de hospitais colapsando o sistema de saúde, o atual presidente faz pouco caso. Esse é o primeiro problema para projetar um cenário, a falta de um discurso que estabeleça a união do país.

Triste perceber que mesmo personagens polêmicos da política internacional (como Trump) já entenderam gravidade da situação. Nesse sentido, o estado deve assumir as rédeas, sinalizando para a sociedade quais ações serão tomadas para tirar a economia da ruína. Aqui, o discurso é de constante conflito e, pior, contraditório com a área técnica (Ministério da Saúde). Tudo isso prejudica a construção de um panorama pós crise Covid-19, pois não temos um discurso que encoraje os brasileiros a atravessar este período (de grande resiliência) com altivez. Não temos um líder, ao contrário, temos um personagem preocupado com a próxima eleição.

As ações já anunciadas pelo Ministro da Economia são bem-vindas e estão na direção correta para mitigar os impactos da crise. Sabemos que não são suficientes, porém revelam que a parte técnica do atual governo está agindo, mesmo que tardiamente. O Banco Central do Brasil (BCB) caminha para ampliar sua área de atuação, não nos moldes do seu co-irmão norte americano, mas ampliando o crédito ao setor privado. Neste momento o crédito não pode congelar e o BCB tem um papel fundamental para que isso não ocorra. A sua atuação no mercado cambial deve prosseguir, mas o câmbio deve continuar alto, sobretudo com uma taxa de juros Selic que pode cair ainda mais.

Por fim, tendo como base um cenário pessimista, ou seja, daqueles países que adotaram a quarentena tardiamente (Itália, Espanha e Reino Unido), o período de confinamento deve prosseguir. E em conseqüência, os seus efeitos perversos sobre a atividade econômica, puxando para baixo as previsões para a econômica mundial em 2020. Tentando olhar para o futuro, projetamos um forte crescimento do déficit primário brasileiro para este ano. Com ele, a dívida pública bruta brasileira deve chegar aos 90% do PIB. Para este ano a inflação deve ficar controlada na medida em que devemos atravessar, novamente, um período de depressão. Fica a pergunta: até quando o mercado (que exige que o estado gaste para salvar a economia) vai tolerar este forte crescimento da nossa dívida? Quando vai começar a desconfiança, por parte do mercado, de que o Brasil pode pagar? Quando a “lua de mel” acabar, os juros devem subir e, com sorte, a inflação ficar controlada, apesar do apelo de alguns para o governo imprimir moeda. Veremos…

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