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fevereiro 18, 2023

Castigos da natureza

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Fenômenos naturais no Norte e no Nordeste geram a pergunta: como o seguro pode ajudar?

O Norte e o Nordeste do país estão vivendo atualmente dois extremos do clima. No Amazonas, há as cheias dos rios Negro e Solimões, e no Nordeste, seca. É possível se prevenir contra esse tipo de evento? E o seguro, pode ser útil nesses casos?

No Amazonas, a Defesa Civil Estadual já contabiliza 70 mil famílias atingidas e 45 dos 62 municípios estão sob estado de emergência. Só na capital, Manaus, 8 mil famílias correm risco de ficarem desabrigadas, sem contar a preocupação com o maior vilão deste tipo de evento: as doenças de veiculação hídrica, como leptospirose, hepatite e febre tifóide.

“A principal prevenção é evitar o contato com água da área alagada, lavar bem e constantemente as mãos, e se for ingeri-la, usar duas gotas de hipoclorito de sódio para cada litro, deixando atuar por meia hora antes do uso, para eliminar as bactérias”, afirma Wilson Alecrim, Secretário de Estado de Saúde do Amazonas.

Outros riscos para quem se aventura a enfrentar as enchentes são os choques elétricos, com fios de alta tensão submersos, e lesões corporais causadas por objetos flutuantes ou escondidos sob as águas.

E engana-se quem pensa que um longo período de seca pode ser menos dramático ou prejudicial. Causada frequentemente pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, fenômeno conhecido como El Niño, a seca causa perda de plantações e de animais e castiga a população sertaneja com doenças como desidratação, problemas gástricos e respiratórios.

Triste frequência

Muitos têm reparado que notícias sobre tragédias causadas por fenômenos naturais têm se tornado cada vez mais frequentes. Para o Analista de Riscos do IRB, Osvaldo Haruo Nakiri, isso não é só impressão.

“Nos últimos 10 anos, parece que o clima perdeu o controle de algum modo. Enchentes e seca são fenômenos comuns, sim, mas que se tornaram mais severos e agora surgem em locais que não costumavam acontecer ou com intensidade menor do que observamos hoje”, explica.

Para ele, a perda de bens materiais, apesar de substancial, principalmente nos casos das enchentes, não é a maior preocupação. “Os bens materiais podem ser se obtidos de volta de alguma forma, mas saúde e a vida são bens muito mais valiosos. Além disso, o clima afeta diretamente a agricultura e dela dependemos para sobrevivência”, comenta.

Só com essas observações, podemos perceber alguns produtos de seguro capazes de atuar para a proteção financeira e patrimonial da população afetada por esses riscos: seguros de saúde, vida e rural. No entanto, no caso das populações ribeirinhas do Amazonas ou dos sertanejos do Nordeste, outro produto mostra-se mais interessante: o microsseguro, voltado para populações de baixa renda. Mas o analista Nakiri ressalta: “não nos esqueçamos que seguro não é programa social. Para que haja a cobertura há que se ter o pagamento de um prêmio, por menor que seja. E na contrapartida, as seguradoras devem honrar os seus compromissos sob pena do sistema de seguros como um todo se tornar desacreditado, mas sem dúvida nas duas regiões, havendo um bom trabalho de divulgação e orientação, há um grande mercado latente para este tipo de seguro”, afirma, lembrando que a prevenção pode ser relativa. “De algum modo ela vai sempre passar pela política, então o caso passa a depender de poucos, com motivos diferentes do resto da população. O seguro sempre será algo utilizado em termos de recuperar algo perdido, exceto a vida evidentemente”, diz.

Cuide-se

No site da Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro há dicas sobre como se proteger dos problemas causados por enchentes, que são muito comuns em todas as regiões do país. Separamos abaixo algumas para você cuidar da sua saúde e da sua família:

– Vacine-se gratuitamente contra o tétano. A primeira vacina pode ser tomada em qualquer idade e o reforço deve ser tomado após 10 anos.

Acondicione sempre o seu lixo em sacos plásticos mantidos em latões com tampa. Só coloque o lixo para fora de casa pouco tempo antes da coleta.

– Em caso de picada de animais peçonhentos (cobra, escorpião ou aranhas) após as enchentes, mantenha a vítima deitada com o membro picado elevado acima do corpo até a chegada ao atendimento médico.

– Se faltar energia na casa, mantenha os alimentos dentro da geladeira e freezers com as portas bem fechadas, e abra o mínimo possível. Se o apagão demorar, tente adquirir blocos de gelo e ferva bem os alimentos.

– Só consuma água filtrada e fervida. Se não for possível ferver, adicione 2 gotas de hipocloreto de sódio para cada litro de água.

– Se mesmo com essas orientações você apresentar febre, dor de cabeça e dores no corpo até 40 dias após o contato com a água da enchente, procure imediatamente seu médico e avise sobre o incidente.

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