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O sequestro para obtenção de resgate é uma ameaça real em várias partes do mundo e as empresas globais têm o dever de cuidar para que tal não ocorra com seus funcionários locais, pessoal em trânsito e funcionários expatriados. Um incidente desse tipo pode significar perdas enormes com pagamento de resgate, interrupção de negócios, processos judiciais, publicidade adversa e danos de longo prazo para a reputação da firma.
A America Latina continua sendo a campeã mundial dos sequestros. Estima-se que ocorram cerca de 7.500 casos por ano na região com destaques para Venezuela, México, Colômbia e Brasil. Porém, o número real pode ser muito maior devido ao fato de que muitos sequestros não são levados ao conhecimento das autoridades, particularmente, os chamados “sequestros relâmpagos” que têm curta duração e menor valor de resgate.
O sequestro pode atingir pessoas, bens ou ambos. Por exemplo, no primeiro semestre de 2010, de acordo com um relatório do International Maritime Bureau (IMB), 31 navios foram sequestrados, 48 atacados e 70 invadidos, envolvendo um total de 196 incidentes no mundo. Nesse período, 597 marinheiros foram feitos reféns, um morreu e 16 ficaram feridos. As águas mais perigosas são as da costa da Somália e do Golfo de Aden com cerca de metade dos episódios.
Resposta do mercado de seguros
No caso do transporte marítimo, o seguro tradicional cobre o custo do resgate, mas nenhum dos demais custos envolvidos no processo. Geralmente, o resgate representa apenas entre 25% e 30% das despesas totais relativas ao incidente. A apólice de S&R difere das apólices tradicionais por ser acionável desde o momento em que um navio é invadido.
Importante notar que tais seguros não pagam resgate em nome do segurado. Este deve primeiro pagar o resgate, incorrendo numa perda, para depois solicitar o reembolso do seguro.
As principais coberturas do seguro S&R incluem:
• Reembolso do resgate em casos de sequestro, extorsão e detenção
• Acidentes pessoais relacionados aos eventos cobertos
• Perda do resgate no momento de entrega
• Acesso ilimitado a consultores e negociadores especializados em tais incidentes
• Reembolso de despesas com informantes
• Reembolso de despesa com tratamento psiquiátrico após a libertação
• Orientações de segurança pessoal e de mitigação de riscos corporativos
• Acesso a informações sobre locais de risco e treinamento sobre segurança em viagens
No Brasil
O seguro sequestro desperta grande interesse entre executivos brasileiros. Em vista disso, em 2008, a SUSEP manifestou-se (Carta Circular SUSEP/DETEC/GAB N° 07/2008) afirmando que não há óbice jurídico que impeça as seguradoras de ofertarem tal modalidade de seguro.
Mas a oferta desse seguro encontra resistência pelo receio de fomentar a prática do crime. Esses temores não são exclusividade do Brasil. Na Inglaterra, pela mesma razão, o governo Thatcher tentou sem sucesso barrar a venda do seguro S&R. Porém, o mercado continuou crescendo a taxas expressivas de modo que as seguradoras inglesas podem se gabar de ter como clientes a maior parte das grandes empresas do país.
Assim, por enquanto, os executivos brasileiros compram apólices S&R no exterior, usando corretores locais sem sair do país. Os Estados Unidos, por exemplo, desenvolveram apólices dessa modalidade há um bom tempo por demandas de empresas no próprio país e de viajantes norte-americanos ao redor do mundo.
Referências:
AON Lloyds -Surge in piracy prompts demand for K&R cover